
A arte tem o dom de sensibilizar e amolecer a dureza de alguns corações, lançando neles a semente, como um adubo no solo árido. Pouco a pouco, essa semente germina, pelo poder da arte em alcançar o centro emocional das pessoas e ensinar o espiritual através da beleza e do sensível.
Chandra Lacombe
Chandra Lacombe une a riqueza das tradições orientais com o caminho da medicina sul-americana em uma jornada espiritual e musical que celebra a fé, a vida e o amor.
Sua música é uma profunda reflexão sobre sua jornada espiritual: um tecido sofisticado composto por um vasto repertório de canções, hinos, arcanos, arranjos para mantras indianos e incontáveis colaborações com músicos da new age e da world music globais, onde o artista compartilha e celebra os aprendizados conquistados em suas andanças, através de valiosas mensagens que ganham ainda mais brilho quando entoadas por sua voz.
Artista prolífico, Chandra tem gravado e lançado músicas desde o início dos anos 90, com mais de dez álbuns lançados. Entre seus discos, estão 'Música das Esferas' (1992), 'Terra à Vista' (1994) e 'Matutu' (2000), com a banda Udiyana Bandha. Ele também lançou diversos trabalhos solo, incluindo colaborações com Txai Fernando, Kailash Kokopelli, Maneesh de Moor, Satyadev Barman, Adrian Freedman e Sigmund Vatvedt. Além disso, lançou músicas com o mestre brasileiro Carioca (Ronaldo Freitas), incluindo 'Meeting in the Forest', 'Shanti Alegria' e 'Celebration', verdadeiros clássicos na comunidade espiritual mundial.
Multi-instrumentista de percussão, reconhecido por sua habilidade em tocar diversos instrumentos, incluindo Tabla, Atabaque, Darbuka, Bongô e, sobretudo a Kalimba, Chandra já tocou com grandes nomes da cena musical mundial, como Krishna Das, Deva Premal e Mitem.
Infância
Nascido em 1965, morou na fazenda dos avós, no interior de Goiás, até 1980, quando veio com sua mãe para o Rio de Janeiro. Lá passou a frequentar os blocos de Carnaval de uma escola de samba perto de Botafogo. Ia com seu repenique e ali ficava por horas.
Aos 13 anos, movido pelo interesse na percussão melódica afro-brasileira, Chandra já buscava criar melodias diferenciadas nas percussões. Era obcecado por instrumentos étnicos asiáticos, como a tabla indiana e a darbuka. Pesquisava técnicas para tirar timbres originais utilizando formas diferenciadas de tocar com os dedos, sonhando em transformar o jeito de tocar o bongô. Nesse mesmo período, teve sua primeira experiência como percussionista em uma peça de teatro.
Encontros e iniciações
Em 1983, ao retornar para Brasília, Chandra começou a acompanhar artistas locais, dentre eles, Renato Matos, um proeminente artista baiano, destacando-se na percussão. Dois anos depois, em 1985, ele conheceu Thomas E. Brokaw e dessa amizade surgiu o grupo Udiyana Bandha. Durante esse período, Chandra recebeu sua iniciação espiritual pelo mestre indiano Osho, de quem recebeu a alcunha Bodhi Chandra.
É na passagem dos seus 19 para 20 anos em que Chandra teve seu primeiro contato com a kalimba, descoberta por acaso nas paredes da sala de um amigo, que lhe emprestou o instrumento que a partir dali veio a definir substancialmente sua identidade musical.
“Levei a kalimba para o Márcio Vieira, grande amigo e luthier em Brasília, que conseguiu desenvolver e construir alguns exemplares. Com elas, comecei a experimentar com os dedos sobre a kalimba, extrapolando os limites do ‘piano de polegar’ (‘thumb piano’), como é conhecida em algumas regiões da África.”





No início, tudo aconteceu em um transe: sinto que fui conduzido por uma força maior ao tocar a kalimba. Minha tendência à dispersão encontrou equilíbrio nesse instrumento, e assim nasceu meu estilo de tocar. De forma espontânea, evoluí rapidamente, desenvolvendo uma técnica que hoje coloca a kalimba em destaque na música. Mais do que um modo de tocar, compreendi a conexão entre seu timbre e a simbologia da infância. Minha música está profundamente ligada ao autoconhecimento, e reviver essas memórias é um verdadeiro tesouro nesse processo.
— Chandra Lacombe
Música e Espírito
Uma nova orientação começou a emergir na sua produção artística, direcionando sua visão à respeito da Arte como um instrumento para expressão da sua espiritualidade.
“Chegando na casa dos 20 anos, com o Udiyana Bandha, isso foi confirmado. Minha mensagem lá ganhou um um teor mais espiritual. A necessidade de usar o veículo da arte da música para transmitir essa mensagem que eu estava ali vivenciando dentro do meu laboratório interno. Todo aquele despertar que possibilitou o contato com um sentido mais espiritual da vida” constata o artista.
Em 1991, ele participou das gravações do primeiro LP do Udiyana Bandha, "Música das Esferas", lançado oficialmente em 1992. Em 1993, Chandra retorna ao Rio de Janeiro, onde trabalhou como freelancer em diversos projetos musicais. Contribuiu com duas faixas do CD de Roberto Menescal inspirado na obra de Paulo Coelho.
As vivências com a Rosacruz e o Espiritismo, o estudo e a prática do Yoga, seguidos por uma breve passagem pela Umbanda, levaram Chandra a uma maior compreensão do papel e propósito da Arte em sua vida.
“Quando eu li “A Autobiografia de um Iogue”, com meus 26 anos, aquilo me tocou profundamente a alma, mas eu deixei aquilo em suspenso. A minha identificação, que eu tive que se fortaleceu ao longo do tempo, é com Babaji, um avatar da linhagem do Yogananda. Aquilo me trouxe uma mensagem muito profunda, com certeza. Acho que para todos que leram essa Bíblia da espiritualidade foram tocados de alguma maneira.”
Anos depois, enveredou por outros caminhos, pesquisando técnicas e formas alternativas de cura auxiliadas por plantas de poder. É nesse contexto que Chandra conhece Janderson Fernandes (Prem Baba), em meados dos anos 90, e começa a receber mensagens que se diferenciavam de tudo aquilo que recebia até então, inaugurando um marco na sua caminhada como alguém que viria futuramente dedicar sua vida à cura e a expansão da consciência.
Oráculo Musical
Todo esse contexto de busca e experimentação definem os primeiros passos de Chandra na direção de um trabalho terapêutico original, chamado Oráculo Musical, que veio ao mundo como um tarô de Arcanos-Canção. Os arcanos equivalem aos arquétipos da experiência humana, que toda pessoa vive em diferentes níveis e escalas ao longo da vida. Essas pérolas poéticas de profunda sabedoria são embaladas em uma jornada musical que possibilita uma maior compreensão dos dilemas e desafios inerentes ao momento de cada um.
O Oráculo Musical é um processo terapêutico de autoconhecimento que utiliza canções para proporcionar uma reflexão profunda sobre diversos aspectos da vida. Nesse método, três músicas, cada uma com uma mensagem específica, são selecionadas e interpretadas dentro de um mapa integrativo. O objetivo é oferecer ao buscador um espelhamento psicoemocional, fornecendo insights valiosos sobre espiritualidade, relacionamentos, ciclos evolutivos da consciência e os caminhos para o resgate da Verdadeira Identidade. Essa abordagem ajuda a trazer clareza e compreensão, promovendo um entendimento mais profundo das experiências e aprendizados pessoais.
“É muito interessante que as pessoas realmente têm entendido essa linguagem e tem realmente sido muito bonito ver os resultados", alegra-se Chandra.

Recado da Mãe Divina
"Estava em minha casa no bairro da Pompéia, meu filho mais novo ainda era um bebê, com menos de um ano. Eu estava profundamente imerso na energia da maternidade, em meio a um intenso processo pessoal de iniciação, conectado às manifestações da divindade feminina na Terra, como Mother Meera e Amma. Fui tomado por essa canção, que representou um momento especial e significativo em minha jornada espiritual.”
“Algumas pessoas escrevem dizendo que depois que ouviram essa música, foram simplesmente arrebatadas. Foi como um turning point na vida delas. Algumas pessoas que estavam passando por momentos mais difíceis, ao ouvir a música, reportavam que a música as ajudava a trazer o alento, uma orientação e uma inspiração para atravessar aquilo tudo. Isso me leva a acreditar que minha música realmente tem algum poder de cura. Estou sempre aprendendo e me surpreendendo com os resultados desse processo.”

O Sol e a Lua
O encontro entre Chandra Lacombe e Surya foi marcado por uma profunda conexão espiritual, revelada inicialmente através de sonhos. Durante três dias, Surya sonhou o mesmo sonho que Chandra sonhava, e essa sincronia onírica se repetiu por dois dias consecutivos. O fenômeno foi um sinal claro da espiritualidade indicando o caminho para ambos. Rapidamente se apaixonaram e se casaram, unindo suas vidas e destinos de forma mágica.
Em sua primeira viagem à Índia, Surya passou por uma transformações profundas, onde o próprio universo, através de várias coincidências e posteriormente, uma visão de sua amiga, revelou-lhe seu verdadeiro nome. Assim, Sônia se tornou Surya, o Sol, complementando Chandra, a Lua. Essa união não apenas simbolizou a harmonia entre o masculino e o feminino, mas também fortaleceu a missão espiritual e musical do casal, tornando-se uma fonte de inspiração e luz para todos que cruzam seus caminhos.

O Ashram
Além da comunhão espiritual, Surya teve uma visão sobre um local que seria de grande importância para eles. Ela sonhou por dois anos com uma terra específica e sentiu que precisava encontrá-la. Após reunir um grupo de pessoas, decidiu buscar essa terra, mesmo sem saber exatamente onde ela se localizava. Durante uma estadia na Índia, o baixista Alfredo enviou fotos de um terreno no Brasil, que Surya visitou no retorno da viagem. Ao chegar, percebeu que a vista correspondia à mesma visão do sonho. Esse local, que se tornou conhecido como Ashram Matri Surya, foi concebido para ser um espaço de alegria, paz interior, e consciência espiritual.
No Ashram, Surya começou a trabalhar com terapias de vidas passadas e atendimentos com cristais, ajudando muitas pessoas a encontrarem seu caminho espiritual. A agenda do Ashram logo ficou cheia, com atendimentos no Brasil e na Europa, refletindo a vontade divina e proporcionando uma vida de alegria e serviço altruísta a Deus. O Ashram Matri Surya é um testemunho vivo da espiritualidade e da missão do casal, um santuário de cura e transformação, que abriga formações, workshops, vivências e outras atividades.